sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Praça Invisível

Gente, já que vou viajar muito cedo no próximo domingo, estou adiantando a crônica da semana. Espero que gostem!





Naquela manhã, aconteceu algo inusitado...Indo para o trabalho, resolvi deixar o carro em casa e caminhar até a estação de metrô mais próxima, prestando maior atenção ao cenário à minha volta, buscando - quem sabe - encontrar inspiração para uma nova crônica.


Foi aí que me deparei com ela: a praça. Uma praça, muito próxima da minha casa, onde já moro há cinco anos. Uma praça que simplesmente apareceu. Eu nunca a havia visto, ou melhor, enxergado antes...


Como pode ser? – pensei – Faz algum tempo que lamento a inexistência de um local próximo, onde meu filho pudesse brincar, interagir com outras crianças, gastar sua energia...A praça não era nova. Mas sua pintura colorida sugeria conservação recente, embora houvesse sujeira e um colchão antigo largado num canto. Há algum tempo, já deveria estar abandonada e ter se tornado abrigo de moradores de rua.

A praça tinha tudo que as crianças gostam: balanços, gangorras, uma casinha graciosa da qual saía um escorrega, um tanque de areia. Os brinquedos eram de madeira colorida, vermelha, amarela, azul...Pares de bancos verdes em cada canto, garantiriam a conforto dos pais e responsáveis no momento de diversão dos pequenos. Mas não havia crianças, não havia mães, pais, babás, avós, não havia alegria. Apesar de ser uma linda manhã de sol, a praça estava ,tristemente, vazia.


Por quê?  – me pergutei – Muitos pais que moram nas redondezas devem ter o mesmo desejo que eu: ter um lugar para onde trazer seus filhos. Por que ninguém vem aqui, ninguém a enxerga, ninguém usa essa pracinha?

Então eu o vi. O muro. Um muro que rodeava toda a praça. Havia apenas uma pequena entrada, no canto oposto ao qual eu estava. O muro era de cimento, e tentaram melhorar um pouco o seu aspecto, fazendo algumas pinturas coloridas. Era alto o bastante para que ninguém conseguisse pulá-lo, mas quem chegasse mais perto poderia ver os brinquedos e tudo que estava disponível ali. Deve ter sido construído para garantir a segurança dos frequentadores. Mas era justamente esse mesmo muro, com sua entrada protegida, que os afastava.

Entendi, nesse momento, porque essa praça estava vazia. Havia os brinquedos, o lugar, mas não havia vida. A vida não entrava, porque, para ser atraída, precisava, paradoxalmente, já estar ali. O muro dificultava o acesso, a entrada num canto, intimidava. Quando se olhava de fora, via-se aquele espaço colorido, mas vazio, cercado... Via-se a solidão. E a solidão assusta, repele.

Senti-me triste pela praça. E pelos que poderiam dela desfrutar, inclusive eu. Ninguém queria entrar ali, estar ali. A praça acabou tornando-se abandonada, e, por fim, invisível.

Mais triste ainda é imaginar que existem pessoas assim! Pessoas com um conteúdo rico, que poderia ser explorado por elas e por outros, mas que se muram, por algum motivo. Pessoas que dificultam a aproximação dos outros por decisão própria, dificultam a entrada do seu coração, talvez imaginando que, caso a entrada seja difícil, quem entrar também terá dificuldade para sair...e poderá viver ali, com elas, em seu mundo solitário.


Muitas vezes, vê-se acontecer com essas pessoas o mesmo que aconteceu com a praça: acabam se tornando vazias, solitárias, sem vida, e, por vim, invisíveis. Ninguém mais se lembra delas, deseja sua companhia, lhes dá importância. De fora, tudo que se percebe, é a solidão.



A boa notícia, é que, a qualquer momento, pode-se revitalizar a praça! Basta trocar o muro por uma cerca, mais convidativa. Facilitar a entrada, fazer uma limpeza e organizar, para os possíveis frequentadores, uma bonita reinauguração. Mostrar que a vida retornou, que os brinquedos são interessantes, que o lugar é bem cuidado. Dar às pessoas o que desejam: sorrisos, alegria, brincadeiras, bom humor, momentos felizes e descontraídos.

Posso garantir que, se isso acontecer, quem passar pela rua, não ficará indiferente à praça. Sentirá no ar aquela energia contagiante das pessoas felizes. Não se furtará a se aproximar, dar uma olhadinha. Terá vontade de entrar, e entrará, se houver lugar.


 Mesmo quando vazia, a praça permanecerá convidativa, repleta de boas recordações. Todos retornarão, sempre que puderem, e cuidarão muito bem dela, afinal, é um lugar especial, onde se deseja estar, e que merece ser bem tratado e conservado.


Uma praça alegre e bem cuidada, nunca se tornará invisível, ou abandonada. Cuide bem da sua!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Postagens

Olá amigos!

A pedidos, e para facilitar quem quer acompanhar o Blog, informo que as novas postagens serão realizadas aos domingos, para que todos possamos iniciar uma nova semana com mais leveza :)

Também aproveito para divulgar o e-mail que criei especialmente para o Blog, denisejmlacerda@gmail.com. Não se acanhem em enviar críticas, comentários e sugestões por e-mail, caso se sintam mais à vontade. Esse endereço também está aberto a possíveis contatos profissionais e aos que compartilham comigo essa paixão: escrever.

Forte abraço a todos e até o próximo domingo!

Denise Lacerda

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Meus 40 anos e o Monte Everest

Esse ano está sendo atípico para mim. No fim do ano faço 40 anos. E passei por uma grande crise.

Fazer 30 não foi o menor incômodo. Sentia-me muito bem, ainda tinha muita coisa pela frente, não tinha chegado à metade da minha vida. Aos 40, estou chegando.

 De repente, começou a me dar um friozinho na barriga...Quarentona...já? Não me sinto com essa idade, apesar de toda a maturidade já adquirida. Ainda me sinto jovem, cheia de vida, me assusta pensar que, agora sim, vou começar a envelhecer...

A crise me pegou em cheio, fiquei um pouco deprimida, mal humorada, e comecei a rever minha vida, meus relacionamentos, meu casamento...vou fazer 40 anos! Tudo tem que estar do jeito que eu sempre quis agora, daqui a pouco pode ser tarde demais, não tenho mais tempo a perder! Me deu uma vontade louca de mudar, reformular, radicalizar...encontrar, de alguma forma, a fonte da juventude eterna...Acho que muita gente se perde um pouco nessa fase da vida...casamentos são desfeitos, corações partidos, corpos mutilados, filhos negligenciados...tudo em nome da busca por algo que não tem como ser recuperado: o tempo que passou, a juventude que está indo...

Aí comecei a olhar em volta e a olhar para o que (e, principalmente para quem) eu tenho e tudo que já construí nessa jornada...e descobri que sim, vou fazer 40...e estou no auge! Estou chegando ao clímax da minha vida. E daí que nem tudo é perfeito, como nos contos de fadas? Não é perfeito para mim, nem para ninguém! A essa altura da vida, eu já deveria ter aprendido isso... Nem tudo é na realidade como nós sonhamos, mas, em alguns casos, a realidade pode transcender e superar positivamente qualquer expectativa. Essas são as jóias mais preciosas que a vida nos dá...e dessas jóias, meu bauzinho está cheio.

Chegar aos 40 e não aproveitar esse momento seria como chegar ao topo do Everest e não aproveitar a vista e todas as sensações que essa conquista envolve, por estar preocupada demais com a descida, que é inevitável. Um desperdício, depois de um longo caminho percorrido.

Então, decidi que é hora de colher os louros da minha escalada, orgulhar-me das minhas realizações, de todos os sonhos que transformei em realidade, da família linda e saudável que eu construí, das amizades que conquistei, de tantas e tantas emoções e aventuras que me permiti viver até aqui. E me preparar para a descida, que é inevitável, mas ainda assim, pode ser surpreendente e talvez, se eu tiver sorte, passe por um outro caminho, ainda mais bonito que o da subida, recheado de novos tesouros...

E assim, superei a famosa “crise dos quarenta”. No dia 19 de dezembro de 2012, o topo do mundo me aguarda! E eu estarei lá, de corpo e alma.

Amores Reais e Fantasmas do Passado

Ao contrário das gerações anteriores, quem nasceu a partir dos anos 70, já viveu uma nova fase nos relacionamentos. O sexo antes do casamento não está mais limitado à prostituição e as pessoas podem se dedicar aos estudos, carreira, e por que não, aventuras e diversão, antes de darem “o grande passo”. Acredito que essa liberdade trouxe muitas vantagens em vários sentidos, mas vejo pelo menos uma desvantagem: os fantasmas do passado.
Como praticamente ninguém mais se casa com seu primeiro amor, esses “fantasmas”, que “apareciam” raramente para as gerações anteriores (principalmente no caso das mulheres, que se casavam virgens), estão entre nós e povoam as mentes de muitos que conheço.

Praticamente todo mundo hoje tem, mesmo que muito bem escondidas, lembranças de um grande amor, ou paixão do passado. Um amor que pode ter sido realizado ou não, correspondido ou platônico, mas cuja história está, na maior parte das vezes, marcada em nossas mentes com as cores fortes de sentimentos amplificados pela efervescência dos hormônios da adolescência ou dos arroubos da juventude.

O fato dessas lembranças existirem não é problema, muito pelo contrário. O problema começa quando elas deixam de ser apenas lembranças e se transformam nos tais fantasmas, que começam a assombrar o nossos relacionamentos atuais, e podem, de alguma forma, prejudicar nossos amores reais.

O que eu chamo de “amor real”, é o sentimento que existe entre você e a pessoa que está de fato ao seu lado hoje. Alguém que você conheceu bem depois daquele primeiro amor ter morrido, na maioria das vezes quando você já estava desesperançoso e cansado de procurar. Alguém que escolheu estar ao seu lado, e não apenas fala, mas mostra diariamente através de suas atitudes, que quer construir, agora e no futuro, uma vida com você.

Acho absurdamente injusto para o “amor real”, as comparações que a existência dos “fantasmas” acabam gerando...o fantasma povoa uma história de amor que está morta, e, como acontece com todos os mortos, acabamos no final nos esquecendo dos seus defeitos, para lembrar deles, com todo carinho, pelo que nos deram de melhor...se você permite que um fantasma assombre a sua vida, basta uma briguinha, um desentendimento com seu parceiro, para que você o metralhe com suas comparações, embora raramente, por motivos óbvios, fale a respeito. E aí começa toda uma viagem ao mundo do “e se”... “E se eu tivesse me casado com o Fulano...ele não era grosso assim comigo!” “E se eu tivesse reencontrado aquela garota tão perfeita que conheci naquela viagem? Nós nos demos tão bem (mesmo que tenhamos ficado juntos por apenas 2 dias!) Poderíamos estar juntos até hoje...talvez eu fosse mais feliz...”

É aí que mora o perigo para quem é assombrado: começar a viver no mundo do “e se” e deixar de perceber e admirar todas as coisas boas que o amor real pode te trazer...até que talvez seja tarde demais...
O seu parceiro atual pode não ser perfeito (como ninguém é!), mas é ele que está ao seu lado, e disposto a dividir a vida com você. É ele que se deixa despir pela convivência e tem coragem de se mostrar para você com os defeitos que gostaria muito de poder esconder...e vê em você também os defeitos que preferiria não ver...E é ele que se vê enredado aos pouquinhos numa rotina que insiste em incomodar, mas que é inevitável quando se quer estar junto...

E os fantasmas? Guardam a magia de momentos inesquecíveis, mas povoam relacionamentos que não sobreviveram, ou sequer foram submetidos aos testes e provações da vida real. Quem garante que teriam se saído melhor que seu parceiro atual? E, se em algum momento se saíram, por que não estão aqui ao seu lado agora mesmo?

Quem não permite que exista lugar para fantasmas na sua vida, pode valorizar mais o que tem e tornar seu relacionamento mais leve e prazeroso, sem o peso de cobranças injustas, e ainda economizar anos de terapia. Viva intensamente seu amor real, e deixe seus fantasmas no passado. Seu futuro agradece!

A Maternidade e a Iluminação

Segundo Santo Agostinho, “Iluminação”é a comunicação da luz divina à alma, pelo que a inteligência se torna capaz de atingir um conhecimento verdadeiro.
Tem gente que procura a iluminação na meditação, viajando pelo mundo, na religião, na caridade e no amor ao próximo...Já eu, fui iluminada sem procurar, sem aviso prévio. Eu fui iluminada no segundo em que vi o rostinho do meu filho pela primeira vez.

De repente, tudo passou a fazer sentido. Abri minha percepção. Sem esforço, simplesmente enxerguei e compreendi, como nunca antes, o verdadeiro sentido de tudo. O Ciclo da Vida e todo o seu poder. Passei a respeitá-lo e entendê-lo...a inevitável morte que um dia todos encontraremos, e da qual sempre tive pânico, não é mais sem motivo. É necessária para a renovação. É o velho dando lugar ao novo. É um mundo melhor e renovado para meus filhos, netos e descendentes...é a vida pulsando e seguindo, sempre seguindo.

Envelhecer, de alguma forma, não me parece mais tão assustador. É tudo por eles! Por nossas crianças! Imaginem como seria um mundo sem crianças, sem jovens, sem renovação...Todos vivendo para sempre...uma eternidade de mesmice, enlouquecedora...

Sair de cena para dar lugar a eles, meus filhos e netos, para que eles tenham a oportunidade de viver uma vida longa e feliz, como a que eu também vou viver, não me parece ruim. Muito pelo contrário, me parece o certo a se fazer.

Agora sim, eu compreendo. Independentemente da comprovação da sobrevivência do espírito, a Vida continua e se renova, SEMPRE. Eu estou aqui, vivendo o meu tempo, transbordando de amor e fazendo a minha parte, dando o melhor de mim. Lá no final, quando chegar a hora, deixarei o palco para os meus filhos e netos e para todas as outras crianças do mundo. E a vida vai continuar seguindo seu caminho. Tudo, enfim, faz sentido.

Namastê

Problemas e Realização

Desde que fiz 30 anos e percebi que a vida realmente estava passando, que esperar por alguma coisa para ser feliz está fora dos meus planos...o noivado de 4 anos não deu certo? Troquei a lua-de-mel por uma mochilão com uma amiga...a amiga não pôde ir? Fui sozinha mesmo, e essa viagem foi maravilhosa e um divisor de águas na minha vida!
E o engraçado é que, quando eu resolvi parar de me preocupar com o que dependia dos outros e fazer o que só dependia de mim, as coisa começaram a fluir, e o que dependia dos outros também começou a acontecer :)

A vida de ninguém é perfeita, nenhum casamento, trabalho ou família são perfeitos, nunca vamos encontrar na realidade o que acontece nos contos de fadas...porque os problemas existem sim, nas vidas de todos. No meu ponto de vista, a diferença entre as pessoas infelizes e as que vivem em harmonia (quase sempre, porque sempre ninguém consegue!) é a forma como lidamos com eles, e a importância que damos a eles nas nossas vidas.

Hoje posso dizer, por experiência própria, que até mesmo grandes problemas podem contribuir para que possamos atingir um estado maior de realização no futuro...Quem dá mais valor ao Paraíso, alguém que já foi direto para lá, ou alguém que deu uma passadinha no purgatório, ou até mesmo no inferno antes de lá chegar? Essa "passadinha" dói muito, ninguém quer, mas com certeza nos torna mais fortes, mais realizados e felizes quando finalmente concretrizamos nossos sonhos!

É isso aí amigos, desejo a vocês sabedoria para lidarem com os problemas de suas vidas, tornando-os não mais do que devem ser no final: aprendizado, fonte de crescimento e realização no futuro! Deixem-nos ir, sigam em frente sem olhar pra trás e vivam os seus pequenos momentos de felicidade, que em breve todos os grandes estarão chegando para vcs também!

O início

A pedidos, estou inaugurando esse cantinho.
Já tenho algum material, que pretendo concentrar aqui. A ideia é reunir o que já tenho e continuar me inspirando e produzindo, acrescentando uma nova crônica semanalmente.

O objetivo do Blog é ser uma fonte de leveza: um cantinho para refletir, repousar, e tornar a vida mais amena. Um lugar para colocar em palavras meus sentimentos e interagir com os leitores, algo que me faz muito bem!

Espero que gostem!