terça-feira, 10 de junho de 2014

Medo de avião

Eu sempre tive medo de avião. Desde o meu primeiro vôo, um friozinho na barriga na hora da decolagem e aterrissagem. Mas era mais do que isso. O fato de saber que estaria (ou me sentiria, diante da segurança incontestável desse meio de transporte) tão vulnerável lá em cima, me fazia refletir sobre a minha vida e sobre tudo que eu tinha e que ainda queria conquistar. Um medo de, simplesmente, tudo acabar e eu não conseguir...

E eu rezava...

No primeiro vôo tinha apenas 14 anos e a vida toda pela frente. Pedia: “Meu Deus, que esse avião chegue em segurança para que eu possa um dia conhecer o que é o verdadeiro amor, amar e ser amada, saber o que é isso! Não posso morrer sem saber o que é isso!!!”

A partir dos 20 e poucos anos, vários vôos a trabalho e algumas viagens de lazer. Já sabia o que era amar e ser amada, agora queria casar! “Meu Deus, que esse avião chegue em segurança, eu preciso me casar! Casamento de princesa, o sonho da minha vida!”

Terminei o namoro: “Meus Deus, que esse avião chegue em segurança, preciso encontrar o amor de novo! E quero conhecer a Europa!!!”

Depois de conhecer a Europa, em vários vôos, solteira: “Meus Deus, que esse avião chegue em segurança, preciso encontrar o amor de novo!!!

Já casada: “Meu Deus, que esse avião chegue em segurança, eu preciso sentir o que é ser mãe, ter meus filhos!!!”

Acabo de voltar da minha última viagem. Dessa vez, olhei em volta: meus pais, meu marido, meu filho, minha bebê. Me senti tão confortável...não havia mais medo. Eu eu rezei: “Obrigada Meu Deus, muito obrigada!!!”

O medo se foi. E percebi que sou afortunada. E feliz!

A felicidade nem sempre é arrebatadora. Ela pode ser suave e delicada, como um sentimento de conforto e plenitude. Que às vezes já existe dentro de nós, e nem nos damos conta. Mas ela está lá. E, muitas vezes, acabamos nos dando conta disso apenas quando ela já se foi...

quinta-feira, 27 de março de 2014

Abrindo as Asas

Depois de algum tempo reclusa no ninho, é hora de abrir as asas! Os Filhotes já começam a ter um pouquinho de autonomia e eu posso recomeçar a voar outra vez! Nem o céu é o limite, não existem limites. Escrever é liberdade! E, para mim, também é arte, é paixão, é sentimento materializado em palavras.

Hoje recomeço. Não posso assumir um compromisso, postarei os textos à medida que vier a inspiração. E que ela venha! E transborde em palavras. Leveza e Palavras :)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Fazendo o ninho

Quando comecei a escrever esse blog, estava num momento de expansão...Vontade de voar, romper meus limites, navegar mares desconhecidos, conquistar o mundo...Talvez tudo tenha a ver com a proximidade do meu aniversário de 40 anos...Talvez, tenha a ver com uma mulher conquistando novamente seu espaço, depois de uma temporada intensiva atuando principalmente como mãe...

O fato é que algo inesperado aconteceu, e agora tudo mudou. Não tenho mais vontade de me expandir...Na realidade, agora quero mais é ficar quietinha, me resguardar...Tudo por um maravilhoso motivo: o milagre da vida acontecendo dentro de mim novamente, e inesperadamente!

Quem conhece a minha história, sabe o quanto a maternidade foi uma difícil conquista. Foram quase 4 anos de tentativas, uma guerra de várias batalhas contra a infertilidade, que terminou, Graças a Deus, com a nossa vitória na segunda tentativa de fertilização in vitro. Não tenho vergonha de escrever isso, divulgar. Falo aos quatro ventos, para quem possa interessar. Pois se alguém precisar de ajuda, ou apenas quiser conversar com quem que já passou por isso, estou aqui. Quero ajudar, porque sei o quanto passar por tudo isso é penoso, dolorido. Sei o quanto sentimos necessidade de contato com pessoas que entendem o que estamos passando, pois só entende mesmo, quem já passou. Quero ser um sopro de esperança para as pessoas. Elas precisam disso, para continuar na luta. Como eu precisei!

Sabendo disso, dá pra imaginar a minha surpresa com a novidade! Eu já queria muito um irmão / irmãzinha para meu filho, mas não sabia se receberia essa graça, mesmo que tivesse que passar por tudo aquilo de novo...E o milagre simplesmente aconteceu!

Agora, tudo que eu quero, é me voltar para mim mesma. Relaxar e curtir minha gravidez e minha família. O resto do mundo pode esperar.

Por isso, gostaria de dizer que pretendo continuar postando no blog, mas à medida que fluir a inspiração e disposição. Não posso mais assumir um compromisso semanal. Meu compromisso agora é com essa nova vida, esse minúsculo coraçãozinho que já pulsa no meu ventre.

É hora de repousar no meu ninho. É o que meu corpo e meus instintos me pedem pra fazer. Daqui a um par de anos, estarei abrindo as asas outra vez...

domingo, 15 de julho de 2012

Cair e levantar - (re)aprendendo com nossos bebês

Quando escrevi essas linhas, meu filho estava começando a dar seus primeiros passinhos. É emocionante acompanhar o desenvolvimento dos nossos filhos...E é impressionante o quanto se pode aprender, ou melhor, reaprender, simplesmente observando o desenvolvimento dos bebês...É uma lição de vida!

Quando crescemos, nos tornamos mais imediatistas, buscando ter o retorno de todos os nossos esforços agora. Não temos mais paciência, perdemos a ternura, muitas vezes a alegria também. Que pena que esquecemos! E que bom que nossos bebês estão aí para relembrar...

 Para os bebês, nada acontece por acaso, de ontem pra hoje, sem muito esforço e preparo antes...Eles parecem viver em frequentes e infinitas sessões de fisioterapia natural. São inúmeros exercícios repetidos até que alcancem o próximo estágio e consigam passar para outros. E fazem tudo brincando, cheios de alegria e bom humor. Não se irritam com suas limitações, embora não as aceitem como definitivas...Simplesmente prosseguem, divertindo-se e exercitando-se ao mesmo tempo, com avanços pequenos dia a dia, que se transformam em grandes avanços a longo prazo. Um exemplo de perseverança!

 É até difícil saber exatamente quando eles começaram a fazer alguma coisa: rolar, sentar, engatinhar, andar...Porque até chegar a cada uma dessas fases, são tantos e tantos exercícios...Eles começam fazendo aos pouquinhos cada movimento, é um rolar mais ou menos, um engatinhar se arrastando e quando a gente vê, já foi!

Aprendi demais com meu filho nos seu primeiro ano de vida. A ter mais paciência, principalmente. Tudo e todos têm seu tempo. O importante é avançar dia a dia, na direção certa. Cair, levantar, cair, levantar, quantas vezes forem necessárias...Manter a alegria, a ternura na jornada...Apreciar a beleza do caminho e os pequenos detalhes do mundo, que muitas vezes já não enxergamos, e que as crianças são capazes nos mostrar outra vez...

Os bebês são capazes de nos ensinar muito mais do que podemos imaginar - é só observar - e reaprender!

domingo, 8 de julho de 2012

Tudo Passa...

Colocar meu filho para dormir é hoje um momento muito especial no meu dia. Desde que ele era bebezinho, sigo uma rotina. Coloco-o na cama, na penumbra, ao meu lado. Ligo o aparelho de som com uma música de fundo relaxante, som de águas, chuva, mar. E, simplesmente, permito-me admirá-lo, acarinhá-lo, senti-lo. Seguro seu pezinho quentinho, sua mãozinha pequenina e macia...

Relaxo também, penso na vida, e em como sou abençoada por poder estar ali, vivendo esse momento único, depois de um longo e sofrido caminho em busca da maternidade. Muitas vezes me emociono: esse momento nunca vai voltar...Sua mãozinha pequenina irá crescer, e muito rapidamente. Na realidade, já cresceu...O meu bebezinho querido, que ano passado estava ali comigo, transformou-se num lindo menininho. Ele, como era no ano passado, como foi em suas várias formas desde que nasceu, só existe hoje, acredito eu, em algum cantinho da sua alma e nas lembranças de todos que estiveram com ele. Meu filho está crescendo, se transformando, não é mais um bebê...Daqui a alguns anos será um jovem, independente...E não poderei mais colocá-lo para dormir...Assim é a vida...

Não é difícil enxergar a transitoriedade da vida quando observamos nossos filhos crescerem...Mas não é fácil perceber que tudo funciona da mesma forma. As crianças crescem, mas os adultos se transformam, envelhecem. As pessoas que estão ao seu lado hoje, seus pais, seu companheiro(a), seus amigos, amanhã, se ainda estiverem, fatalmente não serão os mesmos. Terão se transformado, assim como você.

Os momentos que temos, ao lado de qualquer pessoa, são únicos, e nunca se repetirão. As circunstâncias, os sentimentos, nossos corpos, tudo haverá se transformado no dia seguinte, no momento seguinte, levemente e definitivamente. A transformação pode ser para melhor ou pior, mas nunca deixará de acontecer.

Quem é capaz de enxergar isso, dá mais valor ainda ao que está vivendo hoje. Quando está ao lado de alguém especial, pode se permitir sorver cada momento com a reverência dedicada ao último. Afinal, tudo passa, tudo vai passar...Assim é a vida...

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Imprevisto

Amigos, infelizmente, em virtude de um probleminha de saúde da minha mãe, não pude atualizar o blog nesse domingo, mas semana que vem, se Deus quiser, estou de volta!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A Praça Invisível

Gente, já que vou viajar muito cedo no próximo domingo, estou adiantando a crônica da semana. Espero que gostem!





Naquela manhã, aconteceu algo inusitado...Indo para o trabalho, resolvi deixar o carro em casa e caminhar até a estação de metrô mais próxima, prestando maior atenção ao cenário à minha volta, buscando - quem sabe - encontrar inspiração para uma nova crônica.


Foi aí que me deparei com ela: a praça. Uma praça, muito próxima da minha casa, onde já moro há cinco anos. Uma praça que simplesmente apareceu. Eu nunca a havia visto, ou melhor, enxergado antes...


Como pode ser? – pensei – Faz algum tempo que lamento a inexistência de um local próximo, onde meu filho pudesse brincar, interagir com outras crianças, gastar sua energia...A praça não era nova. Mas sua pintura colorida sugeria conservação recente, embora houvesse sujeira e um colchão antigo largado num canto. Há algum tempo, já deveria estar abandonada e ter se tornado abrigo de moradores de rua.

A praça tinha tudo que as crianças gostam: balanços, gangorras, uma casinha graciosa da qual saía um escorrega, um tanque de areia. Os brinquedos eram de madeira colorida, vermelha, amarela, azul...Pares de bancos verdes em cada canto, garantiriam a conforto dos pais e responsáveis no momento de diversão dos pequenos. Mas não havia crianças, não havia mães, pais, babás, avós, não havia alegria. Apesar de ser uma linda manhã de sol, a praça estava ,tristemente, vazia.


Por quê?  – me pergutei – Muitos pais que moram nas redondezas devem ter o mesmo desejo que eu: ter um lugar para onde trazer seus filhos. Por que ninguém vem aqui, ninguém a enxerga, ninguém usa essa pracinha?

Então eu o vi. O muro. Um muro que rodeava toda a praça. Havia apenas uma pequena entrada, no canto oposto ao qual eu estava. O muro era de cimento, e tentaram melhorar um pouco o seu aspecto, fazendo algumas pinturas coloridas. Era alto o bastante para que ninguém conseguisse pulá-lo, mas quem chegasse mais perto poderia ver os brinquedos e tudo que estava disponível ali. Deve ter sido construído para garantir a segurança dos frequentadores. Mas era justamente esse mesmo muro, com sua entrada protegida, que os afastava.

Entendi, nesse momento, porque essa praça estava vazia. Havia os brinquedos, o lugar, mas não havia vida. A vida não entrava, porque, para ser atraída, precisava, paradoxalmente, já estar ali. O muro dificultava o acesso, a entrada num canto, intimidava. Quando se olhava de fora, via-se aquele espaço colorido, mas vazio, cercado... Via-se a solidão. E a solidão assusta, repele.

Senti-me triste pela praça. E pelos que poderiam dela desfrutar, inclusive eu. Ninguém queria entrar ali, estar ali. A praça acabou tornando-se abandonada, e, por fim, invisível.

Mais triste ainda é imaginar que existem pessoas assim! Pessoas com um conteúdo rico, que poderia ser explorado por elas e por outros, mas que se muram, por algum motivo. Pessoas que dificultam a aproximação dos outros por decisão própria, dificultam a entrada do seu coração, talvez imaginando que, caso a entrada seja difícil, quem entrar também terá dificuldade para sair...e poderá viver ali, com elas, em seu mundo solitário.


Muitas vezes, vê-se acontecer com essas pessoas o mesmo que aconteceu com a praça: acabam se tornando vazias, solitárias, sem vida, e, por vim, invisíveis. Ninguém mais se lembra delas, deseja sua companhia, lhes dá importância. De fora, tudo que se percebe, é a solidão.



A boa notícia, é que, a qualquer momento, pode-se revitalizar a praça! Basta trocar o muro por uma cerca, mais convidativa. Facilitar a entrada, fazer uma limpeza e organizar, para os possíveis frequentadores, uma bonita reinauguração. Mostrar que a vida retornou, que os brinquedos são interessantes, que o lugar é bem cuidado. Dar às pessoas o que desejam: sorrisos, alegria, brincadeiras, bom humor, momentos felizes e descontraídos.

Posso garantir que, se isso acontecer, quem passar pela rua, não ficará indiferente à praça. Sentirá no ar aquela energia contagiante das pessoas felizes. Não se furtará a se aproximar, dar uma olhadinha. Terá vontade de entrar, e entrará, se houver lugar.


 Mesmo quando vazia, a praça permanecerá convidativa, repleta de boas recordações. Todos retornarão, sempre que puderem, e cuidarão muito bem dela, afinal, é um lugar especial, onde se deseja estar, e que merece ser bem tratado e conservado.


Uma praça alegre e bem cuidada, nunca se tornará invisível, ou abandonada. Cuide bem da sua!